No vídeo no pé do
texto, Itamar Franco expressa sua mágoa por Fernando Henrique Cardoso insistir
em dizer-se autor do Plano Real. Se preferir, antes de assistir ao vídeo, leia
a coluna Rosa dos Ventos, de Mauricio Dias, de 8/7/2011, seis dias após a morte
de Itamar. O texto têm quase dois anos, mas ainda é bem atual.
O ex-presidente
Itamar Franco, já internado e gravemente enfermo, não viu nem ouviu, nos dias
finais, Fernando Henrique Cardoso, um de seus ex-ministros da Fazenda e,
posteriormente, presidente da República, colher mais uma vez, sem
constrangimentos, a consagração que só faria justiça a ele. Mas foi FHC quem
completou 80 anos reverenciado pela mídia como o “pai” do Plano Real.
Itamar, morto no
dia 2 de julho, deixou bem explicada essa história. O depoimento, importante
para o bem do País e da história, foi sufocado, no entanto, por uma conspiração
silenciosa. Ele mostra, com a autoridade de presidente da República na criação
da nova moeda, que a paternidade atribuída a FHC é usurpação.
Eis um resumo do
testemunho dele, publicado na íntegra no blog Conversa Afiada, do jornalista
Paulo Henrique Amorim:
“Para mim, Ricúpero
[Rubens, ministro da Fazenda] é o principal sacerdote do Plano Real.
Mais tarde tivemos ajuda, e grande, do ministro Ciro Gomes. Naquele momento,
isso é o que o povo brasileiro não sabe se for ler a história do real […], é o
senhor Pedro Malan [ex-ministro da Fazenda]; senhor Pérsio Arida [ex-presidente
do Banco Central], não sei mais quem…”.
Prossegue Itamar
Franco:
“De repente, até
parece que foi o doutor Cardoso [FHC] que assinou a medida provisória [do
Plano Real]”.
FHC deixou o
governo em março e o Plano Real foi em julho de 1994.
“Ele tinha assinado
a cédula [como ministro da Fazenda] e eu errei deixando que assinasse.
Constitucionalmente, não podia”, lamentou Itamar.
O ex-presidente
finalizou o depoimento com uma frase perturbadora para FHC:
“Ele entende de
economia tanto quanto eu. Talvez eu entenda mais”.
Itamar
Franco: “Errei deixando que assinasse”. Foto: Lula Marques/Folhapress
A história do real,
após Itamar, a exemplo da moeda, tem também dois lados: cara e coroa.
O “cara”, como
disse Barack Obama, é Lula, que, após oito anos de poder, tornou-se o principal
protagonista político do Brasil e personalidade de admiração mundial. Um
operário metalúrgico de grande magnetismo pessoal e, por si só, exemplo de um
país com imenso abismo social.
O “coroa” é
Fernando Henrique Cardoso, sociólogo que, aos 80 anos, após dois mandatos
presidenciais, tenta ser líder não só de uma oposição desorientada
politicamente, mas igualmente um octogenário na vanguarda da juventude que luta
pela descriminalização da maconha e, por isso, deve considerá-lo um “coroa”
legal.
FHC, travestido de
“pai do real”, elegeu-se presidente em 1994 e, em típico golpe branco,
manipulou o Congresso e introduziu um contrabando na Constituição, com acusação
de ter comprado votos parlamentares a
R$200 mil per capita: a reeleição.
Inebriado pelo
neoliberalismo que corria o mundo, ele iniciou o desmonte do Estado. Vendeu o
que podia e tentou o que não podia: leiloar a Petrobras e o Banco do Brasil.
Lula sucedeu a FHC
e deu uma guinada radical. Remontou as bases do Estado e distribuiu renda.
Pouca, mas como nunca antes.
Anos depois de ter
disputado três eleições presidenciais, Lula admitiu que ainda não estava preparado
para governar o Brasil quando perdeu. Porém, após governar por oito anos,
deixou claro que, aí, era o Brasil que não estava preparado para ser governado
por ele. A inclusão de mais ou menos 20 milhões num país feito para um universo
de privilegiados criou um problema econômico, a demanda dos incluídos.
A oposição costuma
chamar isso de gastança ou “herança maldita do Lula”.
COMO O PSDB MENTE PARA O POVO BRASILEIRO, NUNCA TINHA VISTO TANTAS COISAS ABSURDAS DESTE JEITO. E OLHA QUE TEM GENTE QUE AINDA ACREDITA NA MENTIRA DELE HEM...
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