Dois advogados   da Bavária (Alemanha) pediram há algum tempo a um ministro do   governo alemão para classificar a Bíblia como um livro perigoso   para crianças, por causa do seu conteúdo violento. "Ela prega   o genocídio, o racismo, inimizade para com os judeus, execuções   terríveis de adúlteros e homossexuais, o assassinato de seus próprios   filhos e muitas outras coisas perversas", escreveram Christian Sailer e   Jeoachim Hetzel. Mais tarde, ambos também disseram que a Palavra de Deus   contém "passagens sangrentas e que violam os direitos humanos".   Eles queriam que a Bíblia fosse colocada na lista de livros impróprios   para crianças até que as passagens ofensivas fossem removidas.   Quanta intolerância desses liberais!
Uma coisa está   clara sobre esses advogados alemães: eles não entendem nada da   interpretação das idéias e dos ensinamentos da Bíblia.   Se formos nos basear no seu modo de pensar, todos os livros de história   e a maioria dos artigos de jornal também teriam de entrar nessa lista,   caso fossem aplicados os mesmos padrões. É claro que esse tipo   de acusação é absurda, sendo fruto da lógica "politicamente   correta" levada ao extremo.
Não   obstante, durante anos tenho visto muitos cristãos que criam na Bíblia   abandonarem a fé, por acreditarem que a violência por si só   é sempre um erro. Muitos cristãos caíram por causa dessa   linha de raciocínio liberal, que diz que a violência é sempre   errada. Se isso fosse verdade, teria faltado ética ao próprio   Deus.
O filme "O   Patriota" foi considerado impróprio para menores [nos EUA], porque   mostrava um menino tentando atirar num soldado inglês durante a guerra   pela independência dos Estados Unidos. Não há quase nenhum   palavrão e nenhuma cena de sexo no filme, mas por causa da visão   liberal de que toda violência é categoricamente algo ruim, o filme   foi censurado.
Você   já parou para pensar: se Hollywood fizesse um filme fiel aos relatos   da Tribulação e da Segunda Vinda, esse filme seria um dos mais   violentos da história do cinema? Então, podemos nos perguntar:   qual é a perspectiva bíblica da violência e como ela se   relaciona com a profecia?
A   Bíblia e a violência
Não   estou dizendo que a violência é uma coisa boa. O que quero dizer   é que, na perspectiva bíblica, neste mundo caído, pode-se   afirmar que existe a violência "boa" e a "ruim". Creio   que a Bíblia ensina que existe uma violência que deve ser exercida   contra o mal e que há também a violência ruim, aquela praticada   contra os inocentes.
A violência   surgiu por causa da queda do homem, através do ato de rebeldia de Adão   (Gênesis 3.1-18). Por causa daquele ato de desobediência, Deus amaldiçoou   Adão, Eva e a serpente [Satanás] (Gênesis 3.8-18). A maldição   de Deus foi o julgamento dos culpados por causa de sua rebelião. O julgamento   normalmente envolve algum tipo de violência.
Já que   Deus é justo, Ele não pode permitir que o pecado e a rebelião   fiquem impunes. Logo, quando a justiça de Deus encontra o pecado, o resultado   é um julgamento violento. O julgamento é necessário porque   Deus é justo. Essa é a violência justa, de Deus para o homem.
A violência   injusta é demonstrada pelo homem caído para com o seu semelhante,   sendo que ela é uma conseqüência da sua natureza caída   e pecaminosa. Por exemplo, violência ruim foi o resultado do ciúme   que Caim teve de Abel, quando o assassinou (Gênesis 4.3-15) com uma faca   que era usada para os sacrifícios (essa idéia está implícita   na palavra grega usada em 1 João 3.12). Esse é o tipo de violência   ruim à qual devemos nos opor, já que ela é a expressão   do nosso pecado, da nossa rebelião contra Deus e Seus mandamentos.
As coisas não   ficaram melhores depois que Caim matou seu irmão. Ao invés disso,   elas degeneraram, gerando mais violência. Gênesis 6.11 nos diz que   uma das razões para o dilúvio nos dias de Noé foi que "a   terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência".
Certamente   não de violência justa, mas sim da violência reprovável   dos homens, por causa do seu pecado. A justiça de Deus foi expressa no   dilúvio porque Sua perspectiva era que a terra "...estava corrompida;   porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra" (Gênesis   6.12). A resposta de Deus foi: "...os farei perecer juntamente com   a terra" (Gênesis 12.13) – um julgamento justo expresso no ato   violento do dilúvio.
O dilúvio   não lavou a natureza pecaminosa da humanidade, nem seus atos pecaminosos   individuais. Já que a humanidade não poderia se autogovernar,   Deus instituiu o instrumento do governo civil, acompanhado da pena capital,   com o propósito de restringir a violência da humanidade (Gênesis   9.5-7), até que Cristo retorne para reinar e governar pessoalmente durante   o Milênio. Gênesis 9.6 diz: "Se alguém derramar o   sangue do homem, pelo homem [isto é, pela humanidade] se derramará   o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem".
Assim sendo,   o ato violento da pena capital foi determinado por Deus para ser mediado pelo   governo civil como um tipo da violência justa. Deus implementou a pena   capital para o assassinato mesmo sabendo, em Sua onisciência, que o Seu   único Filho, o Senhor Jesus, seria assassinado no maior erro judiciário   da história. A crucificação de Cristo foi claramente um   ato de violência ruim.
Profecia   e violência
Qualquer pessoa   familiarizada com as profecias bíblicas sobre o final dos tempos entende   que as Escrituras retratam a violência global. A Tribulação,   que durará sete anos, será um tempo em que mais da metade da população   do planeta irá morrer (veja Apocalipse 6.8,8,15). Alguns irão   morrer pela mão de outros homens (Apocalipse 6.8), enquanto outros serão   mortos por anjos (Apocalipse 9.15). Entretanto, todo esse período de   sete anos é chamado de tempo da "ira de Deus" (veja Apocalipse   6.15-17; 14.10,19; 15.1,7; 16.1,19; 19.15). Zacarias 13.8 ensina claramente   que dois terços dos judeus também serão mortos durante   a Tribulação. Essa passagem não indica que porcentagem   será destruída por agentes humanos ou divinos. Os eventos da Tribulação   são uma mera preparação para o massacre que ocorrerá   no Armagedom (Apocalipse 16.16; Joel 3.2,9-17), seguido pelo julgamento que   nosso Senhor trará sobre o planeta Terra (Mateus 24.29-31; Apocalipse   19.11-21). Inclusive, no intervalo de setenta e cinco dias, entre a Segunda   Vinda de Cristo e o início do Seu reino de mil anos (Daniel 12.11-12),   todo incrédulo que ficar na terra será julgado e destruído   (Mateus 13.40-43; 25.31-46).
Quando tentamos   entender o plano profético de Deus para o universo e para a terra, deveria   ficar claro que o julgamento de um Deus justo faz parte dele. Mas a graça   de Deus para com os Seus eleitos, em todos os tempos, está incluída   em todos os julgamentos relatados na Bíblia. O julgamento de Deus, que   se dá através da história, é expresso na forma de   uma violência boa, ou seja, da violência justa. Mas, por que é   necessário que exista a violência proveniente de Deus?
O   mal não pode ser removido sem a violência de Deus
Durante anos   tenho encontrado muitas pessoas que expressaram seu desejo de ver o mal e a   violência removidos do mundo. Essa preocupação se manifesta   seguidamente em forma da pergunta: "Por que Deus permite as guerras, o   sofrimento e a violência?" Tal questionamento demonstra como o mal   e a violência não são entendidos corretamente.
O mal, a morte   e a violência entraram no mundo como resultado do pecado do homem (Romanos   5.12-21; 1 Coríntios 15.20-22). O mal entrou no universo por intermédio   de Satanás e de seus anjos caídos (Isaías 14.1-23; Ezequiel   28.1-19; Apocalipse 12.4), e o homem optou por ele. O julgamento de Deus através   de um meio violento, a morte (e outros sofrimentos), é a única   resposta que um Ser verdadeiramente santo e justo poderia dar.
Logo, para   atender ao pedido dos críticos – "Deus não deve permitir   o mal em Seu universo" – requer-se que haja um julgamento violento, para   que o mal seja separado do bem. O pedido para que se remova o mal do universo   é também uma exigência para que venha o fim da história,   quando Deus removerá o mal através do Seu julgamento justo. É   isso que o céu e o inferno representam: a separação eterna   entre o bem e o mal. Não haverá violência no céu,   mas ela nunca cessará no inferno. Paulo disse aos Tessalonicenses que   eles poderiam descansar e não deviam preocupar-se em buscar vingança   contra aqueles que eram a fonte de suas "...perseguições   e tribulações" (2 Tessalonicenses 1.4). Por quê?   Porque Deus irá tomar conta do problema quando voltar para o julgamento.   Note que Paulo diz: "se, de fato, é justo para com Deus que ele   dê em paga tribulação aos que vos atribulam e a vós   outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu   se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando   vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não   obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade   de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória   do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado   em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o   nosso testemunho)" (2 Tessalonicenses 1.6-10).
Tal declaração   requer violência para que seja cumprida. Essa violência será   boa e justa porque desse modo serão corrigidos alguns dos erros da história.   O Deus da Bíblia é um Deus justo.
Conclusão
Certamente   todos nós já lemos uma história ou assistimos a um filme   em que um indivíduo, um grupo ou uma nação são oprimidos   por um tirano ou um valentão. Num ponto crucial da história, um   herói chega para salvar a vítima e destrói o opressor.   Quando chega esse momento na trama, sempre há uma sensação   de alívio e de euforia porque o mocinho triunfou sobre o bandido, o bem   sobre o mal, a justiça sobre a injustiça. Isso é o que   deverá acontecer no drama real da história humana. Nosso Senhor   retornará à terra, no ápice da tirania global de Satanás,   do Anticristo e do Falso Profeta; e os lançará no abismo e no   lago de fogo (Apocalipse 19.19-20.3). Espero que você esteja ao meu lado   celebrando quando esse evento violento ocorrer. Talvez o mundo incrédulo   irá questionar essa violência. Ainda assim, esse será um   tempo em que Deus implementará na história a Sua retidão   e justiça.
Estou convencido   de que uma das razões porque muitos incrédulos se opõem   à violência é porque sentem, no fundo de sua alma, que são   incrédulos e que violaram os padrões de justiça de Deus.   Essas pessoas sentem que, quando chegar a hora em que Deus separará para   sempre o bem do mal, serão elas mesmas que receberão o julgamento   violento de Deus. Logo, assim como Satanás, elas buscam estabelecer um   padrão artificial, pelo qual tentarão dizer ao Deus santo: "Isso   não é justo!" E, se isso não é justo, Deus   não tem o direito de julgá-las. Entretanto, suas consciências   pesadas não serão a base legítima para condenar a Deus   e escusá-las, pois as Escrituras dizem que, no julgamento final, ninguém   poderá se esconder desse evento (Apocalipse 20.11) e toda boca se calará   diante dEle (Romanos 3.19). Todas as criaturas entenderão que o Deus   da Bíblia é justo e reto. Sendo assim, todos os Seus atos são   justos e retos, mesmo os atos de violência.
Mas é   maravilhoso sabermos que Ele já providenciou uma maneira de escaparmos   do julgamento violento de Deus. Ele fez isso através da morte violenta   de Jesus na cruz, para que todo aquele que nEle crer receba a vida eterna e   não entre em condenação. Essas são verdadeiras "boas   novas" diante da realidade em que vivemos.
Por isso podemos   acreditar que nem todo tipo de violência é ruim. Alguns tipos são   bons, conforme tem sido demonstrado na história atual e será revelado   a todos para que vejam e entendam como se dará a implementação   do plano de Deus no futuro. Maranata! (Thomas   Ice, http://www.chamada.com.br)
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