Mesmo com crises, PT foi o
partido que mais ganhou filiado desde 2005.
Crescimento
de filiados
O Brasil tem hoje 35 partidos, os dois últimos criados setembro
de 2015: A Rede de Sustentabilidade e o PMB (Partido da Mulher Brasileira).
Apesar da chamada crise política, desde 2005 o ritmo de
crescimento de número de filiados em todos os partidos foi o dobro do número de
eleitores.
Enquanto nesses dez anos e sete meses houve alta de 18,8% no
número de eleitores, o de filiados cresceu 36%. Hoje, são 15,8 milhões de
pessoas em algum partido.
"A filiação partidária é em parte explicada pela essa
expansão inercial dos partidos pela própria burocracia cartorial. Eles precisam
se organizar, criar novos diretórios municipais", explica Cabral.
Em 2015, o fundo partidário repassou 811 milhões aos partidos. O
PT foi o que mais recebeu: R$ 108 milhões, seguido por PSDB (89 mi) e PMDB (86
mi).
Outro ponto considerado fundamental citado por ele é que o
perfil de filiação por adesão governista. "Isso faz com que aconteça uma
migração para um partido que esteja no poder, esteja mais bem colocado. Isso
não é só no governo federal, mas também para partidos que governam Estados. O
PSB, por exemplo, teve parte do crescimento justificado por Pernambuco, com Eduardo
Campos", diz.
Uma das provas de Cabral é que, nos últimos três anos, o PSD foi
o partido que mais ganhou filiados --74.361 ao todo. "O partido de Kassab
é mais novo e segue em expansão em um ritmo muito grande. Essa alta, muito
provavelmente, ocorreu pela formação de diretórios municipais. É a lógica da
expansão burocrática, cartorial. Todo partido precisa disso", explica.
Cabral analisa que a curva do crescimento do PT foi interrompida
desde 2013. Ele acredita que as manifestações populares de 2013 e a operação
Lava Jato, iniciada em 2014, foram determinantes para o freio de adesões.
"Em 2006, o PT tinha 1,048 milhão de filiados. Quatro anos
depois, ele ganha a eleição com Dilma e no período, ganha também 350 mil
filiações. O partido crescendo e até 2012, quando ganha mais 150 mil filiados
em dois anos. Mas aí a gente vê uma coisa na análise ano a ano: desde as
manifestações de junho de 2013 o partido parou de crescer. Depois disso cresceu
apenas 40 mil, e desde 2014 fez só cair; pouco, mas caiu", afirma.
Para o cientista, o crescimento no número de eleitores não deve
ser apontada como algo que demonstre maior interesse das pessoas na política.
"A priori não é algo positivo. O crescimento não contradiz que o sistema
está em crise. Apenas confirma que a crise existe e alimenta a burocracia dos
partidos. E mostra também que os partidos não precisam se alimentar dos anseios
da sociedade para crescer", diz.
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