HISTÓRIA DE UM FENÔMENO
COPIADO
ROQUE DINIZ
(27 anos)
Atriz
* Niterói, RJ (25/03/1945)
Atriz
* Niterói, RJ (25/03/1945)
Aos 15 anos, Leila Diniz trabalhou como professora, ensinando crianças do maternale jardim de infância. Desde aquele primeiro emprego queria mudar a maneira como as coisas eram feitas. Por exemplo, aboliu a sua mesa para ficar sempre entre os alunos.
Em 1961, com 17 anos, se apaixonou pelo cineasta Domingos de Oliveira, com quem viveu até os 21 anos. Estreou como atriz dirigida pelo marido, na peça infantil "Em Busca do Tesouro". No ano seguinte, foi corista em um show deCarlos Machado. Em 1964, contracenou com Cacilda Becker em "O Preço de um Homem".
No ano seguinte, iniciou a carreira na televisão em papéis menores até ganhar papéis em "Eu Compro Essa Mulher" e "O Sheik de Agadir", ambas escritas por Glória Magadan.
No total, fez 12 novelas na TV Globo, TV Excelsior e TV Tupi. Fez também publicidade de refrigerantes, sabonetes e creme dental.
Leila Diniz foi dirigida pelo ex-marido em dois filmes. O primeiro deles, "Todas as Mulheres do Mundo", incorporou histórias da vida em comum do casal, e, em 1967,"Edu, Coração de Ouro", história de um malandro carioca classe média estrelado por Paulo José.
Baseado no romance de Antônio Callado, "Madona de Cedro", foi um de seus melhores momentos, sob a direção de Carlos Coimbra. Entre papéis de protagonista, coadjuvante e participações especiais, Leila Diniz atuou em 14 filmes. Em 1968, foi à Alemanha representar "Fome de Amor", de Nelson Pereira dos Santos, no Festival de Berlim.
Leila Diniz reabilitou o Teatro de Revista com uma curta carreira de vedete no espetáculo "Tem Banana na Banda", improvisando a partir dos textos de Millôr Fernandes, Luiz Carlos Maciel, José Wilker e Oduvaldo Viana Filho. Em 1971, casou-se com o diretor de cinema Ruy Guerra, pai de sua filha Janaína.
Recebeu de Virgínia Lane o título de"Rainha das Vedetes". No carnaval de 1971, foi eleita "Rainha da Banda de Ipanema" por Albino Pinheiro e seus companheiros.
Foi eleita a "Grávida do Ano" no programa do Chacrinha.
Leila Diniz falava de sua vida pessoal sem nenhum tipo de vergonha ou constrangimento. Concedeu diversas entrevistas marcantes à imprensa, mas a que causou um grande furor no país foi a entrevista que deu ao jornal O Pasquim em 1969. Nessa entrevista, ela, a cada trecho, falava palavrões que eram substituídos por asteriscos, e ainda disse: "Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo".
Para a moral da época, foi algo revolucionário. Jovem, alegre e bonita, Leila Dinizfalava de sua vida sem constrangimento algum.
O exemplar mais vendido do jornal foi justamente esse no qual foi publicada a entrevista da atriz fluminense.
A ditadura militar que vigorava no Brasil de então reagiu prontamente às afirmações da atriz e decretou a censura prévia no jornal. Leila Diniz atraiu também a indignação nas feministas, em pé de guerra naqueles anos, que a acusaram de servir aos homens.
Leila Diniz quebrou tabus de uma época em que a repressão dominava o Brasil. Escandalizou a tradicional família brasileira ao exibir a sua gravidez de oito meses, na praia de biquíni e ao amamentar a filha Janaína diante das câmeras. Defensora do amor livre e do prazer sexual, irritou feministas tradicionais e se tornou símbolo da liberação feminina dos anos 1960 e 1970.
Perseguida pela Polícia Política, Leila Diniz se escondeu no sítio do colega de trabalho Flávio Cavalcanti, tornando-se em seguida jurada do programa do apresentador, no momento em que é acusada de ter ajudado militantes de esquerda. Alegando razões morais, a TV Globo do Rio de Janeiro não renovou o contrato com a atriz. De acordo com Janete Clair, não haveria papel de prostituta nas próximas telenovelas da emissora.
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