1.
A sigla PSDB quer dizer Partido da Social Democracia Brasileira. Só que de
social democrata o partido não possui absolutamente nada. Historicamente, a
social democracia está ligada a movimentos políticos de esquerda e embora seus
programas tenham sofrido alterações dependendo da época e do lugar, após a
Segunda Guerra, passou a identificar-se com projetos de redistribuição de
riqueza através de programas sociais e investimentos governamentais em grandes
empresas.
2.
Como consequência disso, a desigualdade e a concentração de renda caíram mais
no primeiro mandato do governo Lula do que em oito anos de governo FHC. Em
2007, uma pesquisa da FGV mostrou que somente no primeiro governo Lula, a taxa
de miséria caiu quase 8,5 por cento, mais do que o dobro do que ocorreu nos
dois mandatos de FHC, que ficou em 3,1%[1].
3.
O PSDB é o partido do grande empresariado e dos arrochos salariais. As
políticas econômicas do governo FHC estabilizaram a economia, mas em detrimento
do poder aquisitivo dos trabalhadores. Com FHC, a inflação era de 9,2% ao ano,
com Lula e Dilma, é de 5,9%[2].
Não por acaso, em 1996 a Folha noticiou que o governo FHC foi considerado
péssimo por 25% da população[3].
Curiosamente, até os mais ricos demonstraram insatisfação com essa política
desastrosa do ex-presidente, segundo a mesma matéria.
4.
O PSDB é o partido das filas de desempregados. De acordo com o IBGE, o índice
de desemprego mais do que dobrou durante os dois mandatos de FHC como
presidente: de 4,5 milhões no final de 1994, foi para 11,5 milhões no final de
2000[4].
Quem não se lembra que quase diariamente os jornais noticiavam filas
quilométricas de desempregados nas grandes capitais do país apinhando
quarteirões, se submetendo a mal-estares resultantes do calor e de muitas horas
de espera, além de inúmeras humilhações para conseguir uma vaga de emprego? 5.
Para quem acredita que a corrupção somente passou a existir nos últimos doze
anos no Brasil, vai aí uma informação bombástica: O governo FHC foi marcado por
casos de corrupção não menos escandalosos. Um deles foi a extinção da Comissão
Especial de Investigação (CEI), logo após assumir o poder em 1995, órgão criado
durante o governo Itamar Franco para investigar denúncias de corrupção no
governo federal. De acordo com a Carta Maior, “foi a primeira experiência de
controle social, externo, da corrupção, em contraposição ao controle
corporativo. Era independente e com amplos poderes para ajudar a sanear a
administração Pública Federal. Instalada em 4 de fevereiro de 1994, tinha
poderes para determinar suspensão de procedimentos ou execução de condutas suspeitas,
recomendar investigações, auditorias e sindicâncias e propor ao presidente da
República providências, inclusive legislativas, para coibir fatos e ocorrências
contrárias ao interesse público[6]“.
Além disso, os desvios de verbas na SUDAM e na SUDENE (extintas somente quase
no final de seu mandato, em 2001) somaram quase R$ 4 bilhões[7],
além da existência de caixa
dois para reeleição e denúncias de compra de votos de parlamentares para
aprovação da emenda da reeleição.
6.
O PSDB é o partido dos apagões e do racionamento de energia. Basta ver o que o
governo Alckimin faz agora em São Paulo, sobretaxando consumidores e impondo
racionamentos para termos uma ideia do que virá, ou melhor, do que voltará se
Aécio Neves se tornar presidente: em 2001 uma crise energética fez o governo
pressionar a sociedade a reduzir em vinte por cento o consumos de energia[8] e
apagões passaram a se tornar constantes no país. Já o governo petista contornou
esse problema, evitou novos racionamentos e apagões e durante a gestão Dilma
foi construída a hidrelétrica de Estreito, no Maranhão, com capacidade para
abastecimento de quatro milhões de pessoas[9].
7.
O PSDB é o partido do sucateamento das universidades públicas. Durante o
governo FHC, o ensino superior privado foi beneficiado em detrimento do
público. Nenhuma universidade federal foi criada, houve defasagem de salários e
déficit de professores com escassas realizações de concursos públicos. Além
disso, historicamente o acesso à universidade sempre foi prerrogativa das elites
brancas, acostumada a ver o pobre na favela, limpando para-brisas de carros em
avenidas nas grandes cidades ou em longínquas escolas públicas de baixa
qualidade.
8.
O PSDB é o partido do encolhimento dos direitos trabalhistas. No final de seu
segundo mandato, FHC propôs um projeto de alteração da CLT, como a
flexibilização de direitos trabalhistas como o 13º salário, licença
maternidade, FGTS, entre outros, além de uma reforma sindical e uma proposta de
tratamento diferenciado a pequenas empresas[10].
Já o governo petista, além de não ter subtraído direitos aos trabalhadores,
ainda os estendeu a categorias historicamente marginalizadas, como as
empregadas domésticas, que passam a ser assistidas pela legislação trabalhista.
9.
O PSDB é o partido da repressão aos movimentos sociais. Quem não se lembra do
massacre de Eldorado de Carajás, no sul do Pará, ocorrido em 1996? Por outro
lado, as políticas de reforma agrária de FHC determinavam o não assentamento de
famílias que participavam de ocupação de terra[11] e
quando concorreu à presidência em 2002, José Serra prometia em seus programas
eleitorais que não permitiria invasões de terras durante seu governo. Que
métodos ele usaria pra isso é algo que jamais esclareceu. Felizmente, Serra foi
derrotado naquele ano. Em doze anos, o governo petista caracterizou-se por um
profícuo diálogo com movimentos sociais e pela ampliação de políticas
afirmativas a minorias sociais.
10. O PT se manteve esses doze anos
no poder porque conseguiu aglutinar interesses diversos, do empresariado e do
povo. O PT se mostrou o único partido que se aproxima de uma social-democracia
ao ampliar as políticas sociais e a nO FHC, a soma dos programas incorporados
pelo Bolsa Família (Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação e
Auxílio Gás), distribuiu em seus últimos dois anos a média por família de
R$27,00, atendendo a cerca de 5 milhões e setecentos mil lares[12]“.
A ampliação das políticas de redistribuição direta de renda como o bolsa
família foram importantes tanto para empresários como para consumidores, porque
aqueceu a economia, facilitou a abertura de pequenas empresas, ampliando o
número de empreendedores e de empregos diretos. Geralmente os que julgam os
programas sociais como “esmola” ou “ação eleitoreira” ignoram sua importância e
seu alcance: para termos uma ideia, a extrema pobreza, que era de 12% em 2003,
caiu para 4,8% em 2008, o que implica melhorias substanciais na qualidade de
vida dessa parcela da população[13] e
teve impacto importante na redução da mortalidade infantil[14].
Além disso, muitos beneficiados abandonaram voluntariamente a bolsa após
melhorarem de vida[15].
O governo tucano focou no empresariado, manteve as políticas sociais num nível
modesto e, como já foi observado, não conseguiu reduzir de forma significativa
as elevadas taxas de desemprego e extrema pobreza no país.
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