A imprudência, a chuva e a quantidade crescente de veículos nas estradas brasileiras contribuíram para o aumento de 47,9% no número de mortos nas estradas federais durante o Carnaval deste ano, mas não são as únicas causas da tragédia que se tornou o trânsito brasileiro.
A opinião é de especialistas ouvidos logo após a divulgação, do balanço final da operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Para o pesquisador do Centro de Formação em Transportes da Universidade de Brasília (UnB) Flávio Dias, a legislação de trânsito brasileira precisa ser modernizada, principalmente no que diz respeito à responsabilização do Poder Público pelos acidentes de trânsito, a exemplo do que já ocorre em países como Chile, Argentina, Estados Unidos e Canadá.
“Lógico que há motoristas imprudentes, mas em um país com tantas estradas mal projetadas, pessimamente pavimentadas e mal sinalizadas, o que ninguém discute é a responsabilidade do Poder Público. Em países mais sérios, o governo é o primeiro a responder pelos acidentes e, por isso mesmo, os governantes tratam a questão com maior seriedade”.
Tese, o aumento da frota de veículos implica em um maior risco de acidentes. Para ele, contudo, isso só confirma que as leis brasileiras necessitam ser revistas com a participação de especialistas.
“Existem soluções para resolver o problema, mas os governantes não atentam para elas.”
Professor do Departamento de Geotecnia e Transportes da Faculdade de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Orlando Fontes Lima Júnior concorda que, quanto mais carros houver nas estradas, maior será a probabilidade de acidentes, principalmente em dias de chuva, como foram os do último Carnaval.
Para ele, no entanto, isso não é suficiente para explicar o elevado número de mortes nas estradas brasileiras.
“A morte está mais relacionada ao atendimento médico rodoviário que é disponibilizado. Tanto que, logo após a privatização de algumas rodovias, o número de mortos nestas estradas diminuiu”, disse Fontes.
Segundo o coordenador do Núcleo de Estudos de Segurança no Trânsito da Universidade de São Paulo (Nest-USP), professor Antonio Clóvis Pinto Ferraz, quando considerada a proporção entre quilômetro rodado e número de mortes, a situação brasileira “é uma tragédia”, chegando a superar em 14 vezes o mesmo resultado obtido por países desenvolvidos.
“A fiscalização é insuficiente, os valores das multas são pequenos e não estamos investindo o suficiente em educação para o trânsito. Deveria ser criada uma agência nacional para cuidar especificamente da segurança no trânsito. Porque os órgãos que hoje cuidam do tema não o estão fazendo adequadamente”, criticou Ferraz.
A Agência Brasil procurou o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) para comentar as críticas dos especialistas, mas ainda não obteve retorno.
COMENTÁRIO: E não vai ter retorno nenhum, por que o Detran, só pensam em dinheiro e não em resolver problema de ninguém. Ninguém tem a mente mais fértil do que o Detran pra tomar dinheiro do povo, e mais fácil fazer uma maquina de ganhar dinheiro (PARDAL ELETRÔNICO) do que faze passarela. O negocio é explorar o povão.
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